sexta-feira, 17 de julho de 2009

Lancheria do Parque

Se o leitor não conhece a Lancheria do Parque, isto deve ser um sinal claro de que não é portoalegrense, ou, se o for, não merece minhas palavras, e isto por diversos motivos que quem não compreende não deve compreender. Não que eu ache que há algo de especialíssimo neste lugar, o que também não significa que eu não goste dele. Apenas evito babar o ovo por purismo ou tradição.



A Lancheria do Parque fica defronte ao Parque Farroupilha (também conhecido como Parque da Redenção, Redença, Redenga, e outros), se você considerar que aquele parque tem uma frente, e que esta frente é na Oswaldo Aranha. O endereço da Lancheria, então, fica tipo Oswaldo Aranha 1086 (se não me engano). Conheço este bar faz muitos anos, e me sinto um pouco desconfortável tendo como público leitor pessoas que não sabem do que se trata, portanto não darei detalhes demais.



Como é um estabelecimento que goza de certo prestígio e reconhecimento da comunidade, é conhecido já por diversos apelidos. Entre meu grupo de amigos e conhecidos referimo-lo como "Lanchéra", mas já vi diversas outras ocorrências, dentre estas a curiosa "Banheirão", por causa dos azulejos que revestem (e, suponho, sempre revestiram) as paredes do lugar. No mais, não há muito o que dizer sobre o local, exceto que é muito bem localizado e com estacionamento relativamente conveniente (nas áreas azuis da Oswaldo e cercanias - Fernandes Vieira, João Telles, etc.). A chapa do xis fica atrás do balcão, bem visível, assim como os displays de frutas frescas e um daqueles negocinhos de acomodar salgados (pastéis, empadas, etc.). E há uma cozinha aos fundos. Perto da porta está o buffet.

Não é um lugar que tem ênfase no xis, e justamente por isso fui criticado ao anunciar que o criticaria neste blog. A lanchéra serve Carreteiros, Bifes à Parmegiana, Alaminutas, torradas, e toda sorte de comidas de se comer na rua, além do buffet (livre com 1 carne, mais ou menos 6 pilas, dependendo do dia). O melhor prato da casa é o pastel (R$ 1,80), sempre de carne (não é necessário especificar o sabor, suponho que só haja de carne). Ele não é feito na hora mas acho que sai de hora em hora. É muito recheado com carne moída (que lembra muito o hambúrguer da casa), ovo e tempero verde, e é do formato tradicional meia-lua, tamanho standard.

Pois pedi o xis bacon, e um suco de laranja, banana e maçã (dividi o suco com a alemoa, R$ 2,70). A alemoa fui ao buffet (com uma carne extra).

O tamanho do xis não amedronta, ele é prensado e tem cerca de 2,5cm de altura. O estudo posterior revelou 75% de recheio nessa polegada. Ótimo. Os ingredientes são pão, maionese, milho, ervilha, alface, tomate, um ovo frito, queijo mussarela, hambúrguer e bacon. A maionese estava um pouco em excesso, às vezes deixando-se ver envolvendo completamente os outros elementos. Ela é gostosa, embora um pouco ácida para mim. Entretanto, não caberia aqui fazer a maionese mais salgada, como veremos a seguir. O milho e a ervilha praticamente sumiram.

O alface é em pequenos pedaços irregulares, e como principal defeito apresentou um pouco de talo em excesso. O tomate é em cubinhos e quase sumiu. O ovo tem a gema consistente, bem cozida, de cor amarelo-claro, e é coberto por (julgo) duas fatias de queijo. O xis, de baixo pra cima, é: pão (bem fininho), maionese, milho, ervilha, bacon, carne, bacon, ovo, queijo, tomate, alface, maionese e pão.

O hambúrguer tem cerca de meio centímetro de espessura e estava um pouco mal-passado, de cor rósea (o que não é lá muito bom pra carne moída, mas pelo menos não estava torrado, o que seria fatal). Não é muito temperado e cumpre mais um papel de textura do que de sabor.

A principal estrela do xis, é, como seria de se esperar, o bacon. Ele é mais parecito com a pancetta italiana do que com o bacon americano. É apresentado em pedaços altamente irregulares, variando de cubinhos a tirinhas, pelancas e fiapos de carne defumada. Algumas partes lembram o sabor do presunto. Ele aparece por baixo e por cima do hambúrguer, e rouba a cena em todas as mordidas ("mordidas" lato sensu, visto que é um xis "de prato"). O único problema é que ele poderia passar um pouco mais de tempo na chapa (o que, na ocasião, era viável, visto que eram quatro e quinze da tarde e o xis chegou em 5 minutos, mas que seria incoerente num Domingo). Às vezes ele parece demasiado "forte", salgado e de presença, mas quem não quer bacon num xis bacon?

Embora de tamanho normal, é um xis incrivelmente gordo e pesado, de sabor incrivelmente marcante e intimidante, definitivamente um xis que, inteiro, seria só para os iniciados (os demais satisfariam-se com meio). Ainda sobre este ponto, eu e minha prima Stephanie, que deve ter mais ou menos uns 11 anos (sou péssimo para a idade de crianças, desculpem-me), uma vez pedimos um inteiro pra cada um, ela ajudou com suco de laranja (natural, cerca de R$ 2,00) e eu com coca-cola (naquelas garrafinhas de vidro que todo mundo acha A MELHOR DE TODAS, R$ 1,80), e nós conseguimos mais ou menos 75 por cento (ela é páreo duro, minha família não é brincadeira). Mais uma curiosidade: meu amigo Pedro Garcia costumava (e, suponho, ainda costuma) ir à Lanchéra em horários pouco movimentados para instruir o chapista (assim ó: ele pedia o xis pro garçom, e quando o garçom berrava "X-Bacon!" ele chamava o chapista e falava "Frita bem o bacon", ou mesmo pedia direto pro chapista e depois pedia pro garçom anotar) a respeito do xis.

Em suma, a lancheria pode ser um bom lugar para ir com nossos amigos barbudos, carecas, tarados e etc. a fim de sublimar as tristezas quotidianas com porco frito, embora não seja o lugar ideal pra isso, visto que não se pode fumar e nem agir como um bêbado fanfarrão, devido ao clima iminentemente semi-familiar bomfinesco (os portoalegrenses entenderão), e também pode ser um bom lugar para levar a mina (mesmo que sua mina seja meio fresca (se ela for MUITO fresca pare de ler agora e vá conversar naquele canto junto com os vegetarianos)), com o propósito de fazer a preza deixando ela comer salada, pastel, bife ou sucos naturais enquanto nos afogamos no êxtase junkie que fica grudado nas chapas de Porto Alegre e só é extraído mediante inúmeros esfregões de carne, gordura, sal e aquelas espátulas afiadíssimas que talham lombos, corações, hambúrgueres...

Desculpem a digressão, *ahem*. É um bom lugar pra levar a mina e deixar ela comer o que quer (e também é um bom avaliador: dá pra levar uma mina semi-conhecida e ver o que ela pede, pra ver se ela é digna de atenção - embora eu não seja adepto desta prática, visto que prefiro levar sempre a mesma mina) e pedir o que se quer também (o carreteiro serve dois e é bom, R$ 17,00 - eu acho), sem necessariamente se afogar na banha. Também não é o lugar IDEAL pra se levar a mina, visto que a iluminação é branca estilo fast-food, e meio cheio às vezes, e acotovelante, e pode ser difícil arrumar lugar pra sentar - em suma, ninguém vai ficar a fim de transar ali. E tem a grande desvantagem da proibição do fumo.

Então, a Lanchéra não é o melhor lugar pra nada, mas está bem longe dos piores. É um bom lugar pra ir quando se está nas redondezas, e quem não conhece certamente deve visitar. Se alguém quiser pedir outro xis e depois enviar suas impressões via comentários, é bem-vindo. Se quiser descrever mais longamente o que achou, crie seu próprio blog e depois aguente minhas acusações de ter roubado minha idéia.

Principais problemas: não pode fumar, muito cheio (às vezes, em horários bem definidos), não pode fumar, o bacon podia ser um pouco mais frito, não pode fumar, podia ter um pouco mais de queijo, não pode fumar, o pastel está caro, não pode fumar, muita maionese, não pode fumar, pouco milho e pouca ervilha (sutilmente), não pode fumar. Principais coisas massa: alta chance de encontrar algum amigo, xis saboroso pra caralho, outras opções de rango, muito variadas, suco bom e barato, não é caro, tem um monte de bebida, dá pra beber legal (se for não-fumante), é bem perto das festas e fica aberto até mais tarde (não muito)

Nota final: 9,2*

*Eu gostaria de esclarecer, aqui, que a nota se refere tanto ao xis em si quanto ao estabelecimento em geral, com mais ênfase no primeiro (por exemplo, se eu for dar nota a dois xis diferentes do mesmo estabelecimento, a nota pode diferir bastante, pois o xis importa mais).

Mais uma nota: inauguro, hoje, o sistema de tags, assim, conforme cresce nosso corpus de análise, ficará mais fácil encontrar xis-calabresa, xis-bacon, ceva gelada, etc.

Outra coisa (a última): o número de pessoas que comentou no blog foi infinitamente menos do que o número de chatos que reclamaram que não tinha comentários, espero que vocês pensem sobre isso enquanto vão tomar no *fiu* (essa a alemoa riu, todo o resto achou sem graça).

sexta-feira, 10 de julho de 2009

X do Gélson

Passei muito tempo de minha vida sem frequentar a zona Sul de Porto Alegre. Meu tempo de gostar de passear de carro sem dirigí-lo foi breve, e eu era muito pequeno. Com o tempo, inevitavelmente passei a visitar este lado da cidade esporadicamente. Hoje trabalho aqui, e posso experimentar um tipo de junk food que é mais raro de encontrar em outros cantos do portinho.

Na região da zona Sul onde trabalho, há três xis dos quais ouço falar mais freqüentemente: o Willy, o Gélson e o Coqueiro. Estes dois últimos têm algum tipo de relação entre si - ex-sócios, ex-donos, ex-chapistas, cornos e etc., não sei precisar, e este não é o meu assunto. O Gélson e o Coqueiro também compartilham o hábito de servir xis que alimentam 4 pessoas, às vezes conhecidos como x-calota, por causa do tamanho, ou, como definiu minha amiga Kei, x-pizza-a-metro.

Este fato, por si só, já é digno de folclore. Qualquer amante da má comida adora ver, disposto na mesa do bar, quase um metro quadrado de porcaria frita na chapa. Entretanto, aparentemente, para esses caras isto não é o suficiente. Eu vou tentar contar, deixando mais particularidades para o final, que pode (ou não) ser surpreendente.

O X do Gélson fica dentro do Piscina Clube Tristezense. Se o leitor não conseguiu concluir que isto fica no bairro Tristeza, está convidado a matar-se rápida e indolorosamente. Sabendo onde fica o McDonald's da Wenceslau Escobar, fica fácil encontrá-lo, é na rua Doutor Armando Barbedo. Qualquer questão mais precisa pode ser resolvida em http://www.lmgtfy.com/?q=x+g%C3%A9lson+porto+alegre . Tem estacionamento do próprio clube que não precisa pagar. E reza a lenda que quem come um xis inteiro não precisa pagar o segundo.

O ambiente é, no mínimo, diferenciado. A lanchonete fica do lado de uma quadra de futebol de salão, e se pode escutar os alaridos viris dos banhudos suados pulando sobre as tábuas. Isto é bastante confortante, para os habituados a este tipo de ambiente. Mesmo assim, não deixa de ser um bom lugar para levar as minas, visto que não é muito sujo nem barulhento. Digo isto tendo em mente que o meu leitor tenha o cuidado de escolher uma boa namorada, que o acompanhe neste tipo de empreitada quase canibalesca. Acho que a minha parceira gostou bastante do lugar. Para ela o único problema foi que a cerveja era Bohemia. Não sei o que ela viu de errado nesta cerveja.

Aliás, um dos pontos fortes do bar: A Heineken está em promoção por R$4,00.

Então tu chega, senta e pede a bira. Olha o cardápio. Tem uma lista de xis, uma de biras e uma de alaminutas. Meio xis custa de 10,00 (x-carne) a 17,00 (strogonoff, quatro queijos, filé ao molho branco, top gélson). Um inteiro custa de 20 a 34. Estávamos em cinco pessoas: eu, a alemoa (e aqui é a primeira vez que lhe ponho um nome neste blog), o beisso, meu chefe e sua esposa (ou, melhor, minha chefe e seu marido). Isto gerou certa discussão: o xis fora concebido para quatro pessoas - então o que seria melhor: um xis inteiro ou um e meio? Se a resposta a esta pergunta não for óbvia ao leitor, ele fatalmente está fadado ao mesmo destino dos que não entenderam que o Clube Tristezense fica na Tristeza. E dos vegetarianos.

Meus chefes pediram meio X Top Gélson. Os ingredientes que o diferenciam dos demais xis do cardápio são filé, bacon, palmito e azeitona. Eu, a alemoa e o beisso pedimos um X Strogonoff. Ele também vem com batata palha, mas não tem champignon. Um dos problemas de cardápio se revela neste momento: todos os xis têm, por ingredientes standard, alguns itens desnecessários: catchup e mostarda DENTRO DO XIS (por padrão, algo contra o qual já discursei em meu post introdutório http://gfloco.blogspot.com/2007/07/guizas-de-introduo-sem-cebola.html ) e cebola (crua). Tive que restringir um pouco meu pedido, sem catchup e mostarda, sem cebola e sem ervilha (por causa da alemoa).

O X Top Gélson chegou primeiro. Como era só meio xis, não dá pra ter noção do quão sem-noção a coisa pode chegar a ser. Era um pão de xis comprido e retangular, mais ou menos da forma de dois xis lado-a-lado. O Xis já é servido repartido, neste caso em dois. Meu chefe diz que come meio xis inteiro (com o perdão do oxímoro).

Observando o xis, ele parecia bem saboroso. O recheio claramente predominava, e o pão ficava bem fininho, provavelmente pela ação da prensa. Outro ponto positivo: o pão, por fora, é de uma cor marrom-alaranjada muito bonita, e é servido lustroso, sujo de sujeira de chapa, um primor. O xis é servido no prato à maneira tradicional portoalegrense: com os talheres cravados em cima. Este procedimento, embora inferior ao polegar opositor, saquinho e guardanapo, tem de ser adotado neste caso, como o leitor verá mais adiante.

Agora, o cheiro denuncia certo movimento alarmista na cozinha, cheiro de molho branco e carne, a garçonete atravessa o balcão, recolhe o que deve recolher e vem em nossa direção, trazendo três pratos e uma agradável surpresa: um marmitex com o quarto do xis que, provavelmente, sobrará.

Ao ver os pratos vindo, já se pode notar algo intrigante, não há um xis, mas sim alguma coisa que ocupa toda a superfície do prato e se acumula a uma altura de mais ou menos 6 centímetros. Aquela abundância toda, então, aterriza em sua frente, e se pode notar: é um monte de strogonoff com batata palha por cima.

Caso o leitor seja um completo cuzão, eu vou explicar o que é strogonoff: um prato, normalmente servido com arroz e batata palha, que consiste de carne (normalmente filé), champignon, molho de tomate e molho branco, tudo misturado.

E, justamente aí, pisa o pulo do gato. O xis aterriza e se começa a perscrutá-lo com os talheres, para descobrir-se que se trata, na verdade, de um xis completamente coberto com strogonoff, de pedaços graúdos de carne e batata palha. Mais um fato digno de folclore.

No começo, comi alguns nacos de carne, que de tão grandes às vezes tiveram que ser cortados ao meio, e pescados com a batata palha. Um dos problema mais evidentes é que se trata claramente de um strogonoff congelado e descongelado, visto que o molho é levemente nodoso e talhado, qualidades essas que apresentaram variabilidade gradual em minhas visitas. Isto não atrapalha tanto.

Sei bem, o leitor está curioso sobre o xis propriamente dito, que subjaz o strogonoff com batata palha. Trata-se, sim, de um xis "sem recheio": alface, tomate, maionese, milho, ervilha, cebola, catchup, mostarda (embora eu não possa discorrer sobre esses quatro últimos itens) e, mais uma agradável surpresa: um creme branco que lembrava muito nosso amado catupiry. Tanto o xis quanto seu recheio/cobertura são muito saborosos, sem serem muito fortes (sobre este ponto do xis ser "forte", minha chefe discorreu sobre o Top Gélson, dizendo que esse sim era forte, com um sabor azedo (proveniente, supõe-se, da azeitona e palmito), e que o filé era muito bom, isto disto por ela que normalmente pede x-bacon sem carne).

O alface é em tirinhas e o tomate em cubinhos, o alface está presente em toda a superfície e o tomate se restringe a um cubinho por "mordida", muito boa dosagem. A maionese é discretíssima, deve aparecer mais nos xis sem molho. O "catupiry", ao cortar-se o xis, escorria para fora e mesclava-se, lenta e hetereogeneamente, ao molho do strogonoff. Apoteótico. O strogonoff denunciou, por vezes, cebola mal frita e demasiado crocante e saborosa, roubando um pouco a cena da carne e deixando aquele bafo chato, sem contar o retrogosto de CO2.

Principais problemas: a garçonete não sabia de cor que cervejas o bar tinha, o strogonoff é meio mal-aquecido ou mal-descongelado, tem catchup e mostarda dentro do xis por padrão, cebola crua. Principais coisas massa: Arregado pra caralho, monstruoso e intimidante, bastante carne, um xis bem diferenciado, ceva gelada, bom ambiente onde se pode fumar à vontade.

Se o leitor é da zona Sul, com certeza conhece esse lugar. Se não, vale a pena conhecê-lo, é um ambiente bem familiar e descontraído, a comida é muito boa e com certeza vale seu preço (pedindo meio xis-salada para duas pessoas, os dois comem bem e se gasta, ao todo, dez reais).

Nota final: 9,2

domingo, 5 de julho de 2009

Santafé

O Santafé que conheci fica na Anita Garibaldi, bem pertinho do Zaffari (na verdade, fica bem do lado do posto que tem ali na esquina com a Silva Jardim, que era Ipiranga e agora é Shell), acho que eles têm outra lanchonete, mais pra zona Norte, não tenho certeza. O ambiente é bem legal, quem passa na frente vê os carros estacionados (se estaciona na calçada, bem recuada e com bom acesso, o problema são os manetas que estacionam torto ou deixam vagas que só cabe um fuca). A grande parte do bar é a céu aberto, e mesmo dentro a sensação é de semi-outdoors.
A parte "interna" é construída ao redor de um trailer, dentro do qual ficam as chapas. Como todo bom xis, dá pra ver a chapa de qualquer lugar do bar. Eu já conhecia o Santafé, e estive lá hoje com aquela que me o apresentou.

Em termos de cardápio, o bar é bem versátil. As bichinhas vão ficar bem felizes, visto que o bar tem, no cardápio, um xis vegetariano e um xis "simples"; só carne, queijo e, se não me engano, maionese. Assim os frescos não precisam pedir xis-salada sem salada. Os melhores xis custam 9,00, e o simples custa 6,50. Um pouco salgado, mas considerando a localização, sensato.

Uma curiosidade do cardápio: Os ingredientes básicos do xis do Santafé são alface, tomate, maionese e pão (a maionese é imperceptível e não lembro exatamente se ela está descrita no cardápio, que dá os ingredientes de todos xis). Isso quer dizer que, se tu gosta de milho, ervilha e ovo, tem que pedir e pagar mais ou menos uns 50 centavos ou um real. Tem também outras opções de "extras", entre elas bacon, cebola e queijo duplo.

O xis preferido daquela que me acompanhava era o "X Santafé". Como era a opção principal da moça, qualquer leitor homem pode concluir que era o mais caro. MAS, em defesa do sexo dito frágil, confesso que a minha opção custava o mesmo preço. O X Santafé, se não me engano, era de filé com quatro queijos (não tenho certeza, tenho que confirmar com a cosquerída). Ela sugeriu que pedíssemos esse, com o adicional da cebola.

A minha opção era o "X Malvado". No cardápio, é descrita a incomum combinação de calabresa com bacon. Ao receber esse xis pela primeira vez, o leitor (se não tivesse me lido) teria a agradável surpresa de encontrar, além da calabresa e do bacon, um hamburger de cerca de 70g.

O hamburguer é muito bom, temperado na medida certa e sem ser processado demais. A carne é dura o suficiente para oferecer certa resistência na mordida mas não periga vir toda em uma mordida só porque os dentes não conseguiram cortá-la direito (sim, é um xis de comer na mão e não no prato). O único problema do hamburger é que seu sabor é ofuscado pela calabresa e pelo bacon.

A calabresa é defumada, cortada bem fininha e bem frita, e por causa disso sua textura e sabor se confundem bastante com o do bacon utilizado. A linguiça não tinha gordura em excesso e nem pedaços bizarramente duros. O bacon é cortado em cubinhos e também é bem frito, a proporção do bacon é mais ou menos 40% gordura e 60% carne, eu acho muito bom assim. Estes dois ingredientes não são postos em camada, mas misturados sobre o hamburger, uma idéia muito boa. Embora de sabor muito marcante, o bacon e a calabresa não são arregados demais, então o xis não fica muito forte.

O pão é novo, e um pouco mais fino do que os pães standard de xis portoalegrense, o que deixa mais espaço pra carne. O tomate é cortado em cubinhos e é bem pouquinho, mais um ponto a favor. O alface é a melhor característica do reino vegetal: uma folha só posta em direto contato com a maionese, sem ser cortado em tirinhas ou qualquer coisa do gênero. O xis é prensado.

No geral, é um xis muito diferente e muito bom, as carnes interagem muito bem com os vegetais, e é tudo na medida certa. Pedimos um xis malvado partido ao meio e uma batata frita pequena (que não é lá tão pequena), comemos tudo e ficamos bem satisfeitos, tomando três cevas. As cevas foram um pequeno problema, pedimos uma polar e ela veio completamente congelada, derramando ceva afu. Trocamos para original e essa nem veio, também congelada. Ficamos com minha opção primeira: Serramalte.

Moral: Se tu quer um xis mega arregado e gorduroso, o Santafé definitivamente não é o lugar pra isso (dependendo do humor, acho que consigo meter dois xis deles). Se tu quer um xis legal pra levar a mina, é aqui mesmo. O clima é muito bom e o xis não é intimidante e é de muito bom paladar. Principais problemas: não é um xis monstro; não vem com ovo, milho e ervilha (tem que pedir e pagar mais por isso); a ceva veio congelada; é um pouco caro demais; o atendimento é um pouco lento e o tomate estava um pouquinho verde. Coisas massa: um xis com hamburger, calabresa e bacon; pouca salada e pouca maionese; bom pra levar a mina; ótimo ambiente onde se pode fumar à vontade; bom estacionamento.

Nota final: 8,9 (a alemoa ainda considera esse o melhor xis de porto)